domingo, 21 de junho de 2009

SER PERSEVERANTE!


No seu comentário, de 20 de Junho, ao post PROFILAXIA e PSICOTERAPIA na DEPRESSÃO, Frederica disse...“Como disse, comecei a fazer o relaxamento logo com as indicações do post. Entretanto, já li os livros que consegui obter pela INTERNET, nos endereços indicados. Entusiasmei-me e não pude esperar pelos amigos. Assim, pelo menos tenho-os sempre à mão.Estou a conseguir resultados que me entusiasmam.Gostava de saber o que aconteceu com o Antunes já que o seu livro ainda vai levar algum tempo a ser publicado.Veja se me faz a vontade já que me ajudou bastante com as informações prestadas até agora.Muito obrigada. Fico à espera.20 de Junho de 2009 12:23”


Para satisfazer a vontade de Frederica que diz já estar a obter algum sucesso, além de ser mais uma forma de a motivar a persistir firmemente na auto terapia, vou transcrever alguns excertos do livro ACREDITA EM TI. SÊ PERSEVERANTE, à espera de publicação, sobre a auto terapia efectuada pelo Antunes, cujo «problema» começou com o insucesso escolar da filha:
Por estes excertos também se verifica a «dificuldade» em obter «convencionalmente» os livros em qualquer livraria e a actual facilidade em utilizar a INTERNET para a sua rápida e cómoda aquisição.
Desejo a continuação da boa sorte.

Ver post LIVROS DISPONÍVEIS neste blog.

“Para que este quase relato do Antunes fique realçado, é apresentado em itálico, com as devidas separações, em capítulos que tiveram os títulos julgados mais adequados para se enquadrarem na sequência deste livro.
                                             ****

“Incentivado pelos resultados obtidos (isso seria, de facto, o auto-reforço?), comecei a ler cada vez mais e, entretanto, não deixei de prestar muita atenção à minha filha e de lhe dar o apoio psicopedagógico indispensável. Procurei os livros que pretendia em relação à «Modificação do Comportamento» e senti alguma decepção por não conseguir todos os que queria na FNAC, na Bertrand ou em qualquer outra livraria mais conhecida do Porto. Umas livrarias tinham alguns livros enquanto outras tinham outros e limitavam-se a dizer que os podiam encomendar à editora. Resolvi então telefonar à Plátano Editora e encomendar todos os livros que me interessavam, solicitando que os enviasse com urgência. De Domingo para Quarta-feira recebi-os todos em casa, sem qualquer incómodo em ter de os procurar nas prateleiras das livrarias. Suponho que é isso que vou fazer no futuro e, se calhar, até me vou servir da Internet, do fax ou do e.mail”.
*****
“-- Como foi possível isto tudo? – perguntei-lhe, meio surpreendido.
-- Julgas que não li coisa alguma e que não pratiquei aquilo que tu rascunhaste na auto terapia? – foi a pergunta com que me respondeu.

O Antunes, seis anos mais novo do que eu, tinha sido meu colega na Faculdade de Direito e um dos melhores alunos. Passara o 1º ano com a média de 15 valores (naquele tempo!) enquanto eu era obrigado a continuar na tropa. Por isso, tinha-lhe perdido o rasto até saber, cerca de dez anos mais tarde, que fora obrigado a interromper os estudos porque lhe falecera o pai. Por isso, teve de deixar a Faculdade e, logicamente, foi cumprir o serviço militar obrigatório. Filho único de um vendedor de sucesso e de uma dona de casa, sofreu um rude golpe quando começou a cumprir, em Aveiro, o serviço militar obrigatório, ao qual «quase» nenhum cidadão português residente em Portugal conseguiu furtar-se naqueles tempos. O pai tinha uma vida desafogada porque ganhava bem com as comissões nas vendas. Comia e bebia bem em grandes almoçaradas com os clientes, mas passava «sacramentalmente» todas noites e fins-de-semana em casa com a «patroa». Fumava exageradamente cigarilhas caras. Com os excessos cometidos, uma doença súbita e maligna em que o cancro minou todos os órgãos vitais, dois meses foram o suficiente para ele deixar em sua casa um órfão e uma viúva, sem quaisquer meios de subsistência porque a pensão de sobrevivência era ridícula e não havia economias acumuladas apesar dos vários anos de trabalho bem remunerado.
Por isso, o Antunes, «sem cunhas», só não foi mandado para o Ultramar e conseguiu ficar em Portugal porque era órfão de pai, filho único e tinha de dar apoio à mãe, praticamente na indigência. Depois, por causa das dificuldades financeiras muito evidentes, não recomeçou os estudos mas conseguiu um lugar numa instituição pára-bancária no Porto, onde se fixou após o casamento e pouco depois da morte da mãe que também fora «mal habituada» pelo pai a não se precaver na comida e na dieta indispensável. Com o nível intelectual que o Antunes possuía, os negócios financeiros não lhe pareceram difíceis e continuou a orientá-los sempre, apesar de desagradado com a interrupção do curso que já não podia retomar por causa do horário quase ininterrupto que devia manter na financeira.
Como era um rapaz que sempre se preocupara com os estudos e com o bom desempenho, mesmo depois de casado com uma rapariga que conhecera desde os tempos em que ia passar as férias a Vila Real de Santo António, não se apercebeu de que é muito importante a dedicação à família e o acompanhamento dos filhos. Eram assuntos pouco importantes para ele porque o pai também passava muito tempo fora de casa como vendedor e ele habituara-se a ter sempre a companhia da mãe que o incitava a estudar para conseguir um bom emprego e não ter de trabalhar muito como o pai. Com o bom nível intelectual que possuía, tudo isso fora fácil de aceitar até ter a desilusão de não poder continuar o curso com a morte súbita do pai.
-- Sabes que fiquei muito frustrado com isto tudo? – perguntou-me.
Tinha acabado de ouvir, muito surpreendido, a história da sua vida que, para mim, foi uma autêntica revelação. Comecei a pensar que o Antunes podia revelar-me mais alguma coisa não só sobre a sua vida mas ainda sobre a sua súbita «transformação». Isto deu-me um certo ânimo e comecei a sorrir. O Antunes olhou profundamente para mim quase que a gozar-me e, com uma forte gargalhada, perguntou:
-- Já estás a pensar?
-- Pensar em quê?
-- Que te vou relatar a história da minha auto terapia!
Muito espantado com esta exclamação, perguntei:
-- Como é que adivinhaste?
-- Não é necessário ser-se psicólogo para adivinhar isto. “Quem tem cara de investidor?” “Quem tem conversa de aldrabão?” “Quem não tem «estaleca» para fazer
negócio?”, são perguntas às quais temos de responder, quase de imediato, na financeira. Se falharmos, podemos não ter o êxito desejado e necessário! Porque julgas tu que eles me querem na financeira? Conhecendo como te conheci durante um longo ano lectivo enquanto te «esgueiravas» da tropa para correres frequentemente para a Faculdade e lendo agora os teus livros, não é muito difícil calcular que desejas também a minha história.
-- Acertaste – respondi.
-- Pois, prevendo isto, trouxe-te a história por escrito para conseguirmos conversar sobre outras coisas e poderes dar-me mais alguns conselhos e informações úteis. Ficou na mala do carro para não teres a oportunidade de lhe deitares agora um rabo de olho indiscreto e inoportuno. Também te posso garantir que até publicares o livro que estás a preparar, vou deixar-te informado de tudo aquilo que acontecer. Podes contar comigo para tudo, até para te dar os últimos momentos possíveis do «caso» que vais contar. Mas agora, vamos continuar o nosso bate-papo.”
****
“De repente, dei comigo a pensar que todo o dinheiro que acumulara não serviria de nada se a minha filha fizesse um mau casamento e tivesse a sua família desorganizada. Isso aterrorizou-me um pouco e comecei a calcular os benefícios que agora estava a tirar apenas com uma ligeira mudança da situação total e da minha nova visão do futuro. De pensamento em pensamento dei comigo a compreender seriamente aquilo que é o auto-reforço. Comecei a ficar cada vez mais satisfeito comigo próprio porque via e sentia as vantagens que estava a conseguir com o meu novo comportamento.”
****
“Logo que o comecei, parece que fiquei a «divagar» sobre o conteúdo destes dois temas e a pensar que seria muito importante utilizar essa «aprendizagem social» para fazer com que os mais novos conseguissem ter comportamentos
menos agressivos e mais «civilizados» e humanos. Em consequência desta «divagação» surgiram na minha mente várias perguntas: 
-- As crianças serão agressivas porque se sentem inferiorizadas?
-- A agressão será uma resposta contra a frustração?
-- Será algum mecanismo de defesa ou de compensação?
-- Que relacionamento terão as crianças com os seus progenitores?
-- Que tipo de comportamentos terão eles?
-- Que modelos estarão a proporcionar aos seus descendentes?
-- Que espécie de identificações serão possíveis nestas circunstâncias?
-- Que reforço vicariante estarão as crianças a obter nos filmes?
-- Sexo, violência, pornografia, chantagem não faltam nos filmes que, muitas vezes, os pais vêem (com agrado dissimulado) mas dizem aos filhos que não os devem ver. Se os pais vêem, porque não irão também eles fazer o mesmo?
-- Que modelos estaremos a proporcionar à nossa filha? Pai distante e mãe preocupada?
-- E que interacção estaremos a manter?
-- Ela não teria dado já uma resposta eloquente em relação a estas dúvidas apenas uma semana depois de eu ter iniciado o seu «apoio psicopedagógico»?
-- O que teria de fazer para aumentar esse efeito já iniciado na minha filha?”
****
“Não consegui «pensar» mais porque parece que entrei num sono profundo.”
****
“No dia seguinte, quando acordei, estava bem disposto e com uma profunda motivação para prosseguir aquilo que já tinha começado. Se todos os outros tinham conseguido «avançar» porque não conseguiria eu? De facto «Sê perseverante», tinha a sua razão
de ser!”

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R), destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas.

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Blogs relacionados:
TERAPIA ATRAVÉS DE LIVROS para a Biblioterapia

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sábado, 6 de junho de 2009

PROFILAXIA E PSICOTERAPIA NA DEPRESSÃO


“Por indicação de alguns dos seus alunos do ISMAT e de outras pessoas conhecidas li este post e o anterior porque há mais de dois anos estou a ser medicada para a minha depressão. Sou enfermeira, a viver com uma pessoa que ganha pouco e preocupa-se consigo próprio. Por isso, não quero ter filhos. Estou a trabalhar num hospital cujos doentes me deixam completamente desorientada. Sinto-me em baixo e, de vez em quando, completamente eufórica, principalmente quando tomo diversos cafés «para levantar o ânimo».Embora tenha só 35 anos, estou a sentir-me completamente velha. O ordenado e especialmente o tempo não dão para fazer uma psicanálise, nem sequer apenas uma psicoterapia de que devo estar a necessitar e que, só agora, o meu novo psiquiatra me recomendou. Às vezes tenho de fazer trabalhos extra para aguentar as despesas cada vez maiores. Contudo, arranjo tempo para
consultar blogs e ler livros. Haverá alguma coisa que possa fazer para «me manter viva» e não ficar a «sobreviver» como está a acontecer agora? Faço este comentário e não envio um e-mail porque os seus alunos também me disseram que preferia assim devido a ter mais facilidade em «manipular» apenas o blog. Também me disseram que tinha publicado já bastantes livros e que alguns deles me poderiam emprestar se os conseguissem «requisitar» para os estudos deles, especialmente agora que vão entrar em férias. Não me vou identificar porque seria muito mau para a minha «reputação profissional» que ainda se mantém acima do «normal», mas pode chamar-me Frederica. Estou a sentir-me cada vez mais aflita e sem esperanças embora tente sempre manter um sorriso.”
3 de Junho de 2009 11:34



Acabei de ler o seu comentário de 3 de Junho ao meu post anterior “RESPOSTA A UM OUTRO COMENTÁRIO” e posso dizer que, de facto, o prefiro a um e-mail.

Fobia (4 SET 2008)
Stress (11 SET 2008)
Hipnoterapia (28 SET 2008)
Confusão na Empresa (20 OUT 2008)
Disciplina, Stress e Aprendizagem (6 DEZ 2008)
Autoterapia (24 FEV 2009)
Psicanálise (18 MAI 2009)
Resposta e um outro Comentário (25 MAI 2009)

Concentrando a atenção no post AUTOTERAPIA, tente seguir e experimentar os procedimentos aí mencionados. Aprenda a fazer relaxamento e tente praticá-lo todos os dias ou mais do que uma vez por dia.
Procure lembrar-se do seu passado e presente, especialmente daquilo que, na minha resposta está mencionado a itálico e a negro. Esforce-se para conseguir lembrar-se de coisas boas que lhe tenham acontecido na vida e também verifique se isso lhe traz, pelo menos de vez em quando, algumas mágoas ou recordações desagradáveis.
Se conseguir fazer isso, procure lembrar-se constantemente dos momentos agradáveis da sua vida. Seguidamente, tente lembrar-se dos momentos desagradáveis, entrar em relaxamento e provocar recordações agradáveis.

Quando conseguir tudo isto, deve estar apta a praticar a auto hipnose e a imaginação orientada.
A parte mais difícil de todas é conseguir entrar em relaxamento. O resto vai tornando-se mais fácil à medida que a prática vai avançando.
É na prática inicial de relaxamento que as pessoas mais necessitam de ajuda. Poderia verificar isso lendo os livros que já estão praticamente prontos para publicação, à espera duma editora:
ACREDITA EM TI. SÊ PERSEVERANTE!
EU TAMBÉM CONSEGUI!
COMBATA A DEPRESSÃO POR SI PRÓPRIO

Mas, enquanto os livros não são publicados, para se encorajar e fazer o que acabei de dizer, vou transcrever alguns excertos do novo livro COMBATA A DEPRESSÃO POR SI PRÓPRIO:

A Isilda (Depressão? Não Obrigado!), que foi ajudada a «restabelecer-se» e a mudar de vida, com a companhia de um novo namorado, deu origem a um livro que, já publicado, ajudou uma outra pessoa, «nova paciente», diagnosticada como depressiva, a conseguir fazer quase uma auto terapia. No fim, esta senhora, «nova paciente», relatou mais ou menos o seguinte que vai constar do novo livro “Combata a Depressão por si Próprio” no capítulo «Dicas» da «Paciente», transcrito quase na totalidade:

“A paciente que, por causa da sua depressão procurava a versão anterior deste livro, foi-se embora e nada mais soube dela até chegar a época das férias grandes do ano lectivo seguinte. Nesse Verão, passados quase dois anos sobre a consulta e a sessão de psicoterapia que tinha sido urgente e rápida, quando eu aguardava a chegada da minha mulher, a paciente, bem-humorada, veio ter comigo, depois de sair de um AUDI novo que me disse ter sido um presente de seu pai.

Informou-me que o artigo sobre a DEPRESSÃO que lera na nossa revista do CPC lhe tinha dado uma visão ainda mais ampla do que aquela que conseguira com a leitura do meu livro e muito diferente da que obtivera com o livro de Carlos Palma o qual lhe causara muito medo.
Contou-me, muito entusiasmada, que através desse artigo tinha consolidado a sua ideia de que o melhor combate à depressão não é uma abordagem medicamentosa mas sim psicológica através da qual o indivíduo vai sendo ajudado a conseguir reforço com as suas boas ideias, sentimentos, acções, planos e imaginações. Isso tinha-a ajudado a ter cada vez mais confiança em si própria e a autovalorizar-se, ultrapassando as pequenas dificuldades que surgiam na vida tal como acontece normalmente com todos.

Porém, achava que o melhor método de profilaxia ou prevenção é ajudar uma pessoa, desde criança, a aprender e a habituar-se a enfrentar as dificuldades da vida nem que, para o efeito, seja necessário fazê-las surgir artificialmente, tal como se faz no atletismo.
Disse-me também que já tinha vendido a casa próximo de Cascais, e enquanto esteve a residir perto de Coimbra, nos primeiros tempos, teve dificuldade em dar aulas e até em recordar a matéria que tinha de expor aos alunos. Porém, nunca falhou na prática do relaxamento, todas as noites, logo depois de fazer 10 minutos de auto-análise (escrever) e de ter mimado o filho, um bocadinho, antes de dormir.
Depois da escrita, tentava lembrar-se do que lhe tinha corrido mal durante o dia. No início, era geralmente das aulas que se lembrava. O marido tinha passado para segundo plano porque a sobrevivência do seu filho se sobrepunha a tudo. Raciocinava acerca do modo como podia melhorar as aulas, entrava em relaxamento e começava a sonhar com a melhor maneira de tirar proveito de todas as situações que teria de enfrentar nas aulas e que seriam semelhantes às já encontradas. Às vezes, entrava logo num sono profundo; outras vezes, parecia que tinha pesadelos e acordava assustada.
-- Estaria a sonhar com alguma coisa invulgar ou fora do habitual? -- perguntei.
-- Não. Eram coisas do passado e compreendi aos poucos que estava a ligar muita importância ao que me acontecia e aos revezes que tinha na vida. Um deles era por os meus pais serem de origem humilde. Isso deixava-me embaraçada a ponto de nunca falar neles ou mentir aos meus colegas e até àquela que me cedeu o seu lugar na Faculdade. Esta mentira durou até ao dia em que ela, por ser a minha melhor amiga, mostrou desejo de ir à casa dos meus pais onde eu vivia temporariamente. Compreendi também que o meu casamento tinha «acontecido» porque ele era meu vizinho, conhecido dos meus pais e o único homem com quem eu falava por força das circunstâncias e com quem casei após cinco anos de convivência.
-- E sente-se bem agora? -- perguntei.
-- Estou óptima. Quando o meu marido soube que eu estava a dar aulas e que tinha sido convidada para orientar mestrados, sem ter tempo para mais nada e sem necessidade de sua ajuda monetária, facilitou-me o divórcio. Quando o meu pai, a quem eu já ia visitar de vez em quando, soube da separação, vendeu uma propriedade que tinha, afastada da sua casa e ofereceu-me um carro. A companhia do neto é muito importante para ele e faz questão de irmos passar quase todos os fins-de-semana em casa dele.
-- Dá-se bem com o seu ex-marido? -- perguntei.
-- Agora melhor do que nunca. Aos dias de semana, de vez em quando, vem buscar o filho para jantar fora. É o dia em que fico com mais tempo para a leitura. Não tenho tempo para mais nada visto que as aulas e a orientação dos mestrados é cansativa e os fins-de-semana são para ler mais alguma coisa e descansar com a família. Assim, não tenho de aturar um homem que sempre exigiu e nunca deu coisa alguma. Era disso que a mãe dele se queixava em relação ao marido e tentava dominar o filho como compensação. Agora, ele até foge da mãe e pouco afecto dedica ao filho. Parece que, para o meu ex-marido, o filho foi apenas uma consequência bio-fisiológica!
Por uma questão de curiosidade e de segurança das informações que estavam a ser preciosas, aventei a seguinte pergunta:
-- E quanto a medicamentos, o que toma?
Olhou para mim com um largo sorriso como que a dizer que a resposta era óbvia:
-- Sabe que sou formada em bioquímica e que devo ter a noção daquilo que os medicamentos
provocam directa e indirectamente, de imediato e a longo prazo. Acha que me iria deixar alienar por eles? Quando lhe telefonei para falar acerca do seu livro sobre DEPRESSÃO, tinha ido ao médico que me receitou imediatamente PROZAC, XANAX e RITALINA. Ao tomar isso, parece que fui ficando um pouco apatetada e medrosa e o culminar de tudo foi o telefonema para si por me ter assustado incontrolada e exageradamente depois de ler o livro de Carlos Palma. Porém, com a leitura do seu livro, baixei a dosagem que estava a manter nos 15 dias anteriores e decidi ir à sua consulta. Com o início do relaxamento feito em casa, baixei a dosagem para um quarto e uma semana depois acabei com os medicamentos, não só por não ter paciência para me preocupar com o horário e a sequência da sua ingestão mas ainda por ter mais em que pensar: as aulas. A partir dessa ocasião, os únicos medicamentos utilizados são os essenciais para gripes, constipações, diarreias, etc.; o estritamente necessário para repor o organismo a funcionar bem. Não quero que ele se transforme num depósito de tóxicos – respondeu enquanto continuava a sorrir como que a perguntar-me se a achava tão parva que continuasse a tomar os medicamentos «venenosos» que lhe tinham sido receitados em tempos.
-- Quais os planos para o futuro? -- perguntei.
-- Aquilo que mais me interessa agora é pensar em melhorar e consolidar a posição na Faculdade. Em segundo lugar, estou a ter muito cuidado na educação do meu filho porque não quero que ele passe por aquilo que aconteceu comigo. Já li alguns dos vossos livros sobre o assunto – disse e olhou significativamente para a minha mulher que estava connosco e continuou -- A companhia masculina fica para segundo plano porque desta vez, se calhar, tenho de escolher com razoabilidade. O meu filho não pode ficar ao dispor de qualquer um. Por isso, quando me vou deitar, todas as noites vejo os «filmes» da minha vida e aqueles que eu gostaria de realizar no futuro e é isso que vou tentar ensinar ao meu filho dentro em breve. O meu casamento foi uma espécie de fuga e aconchego que não desejo ao meu filho nem pretendo que volte a repetir-se comigo.
Disse isto, e olhou para o relógio como que a controlar o tempo. O filho estava à sua espera em casa da amiga que lhe cedera o lugar e que agora se dedicava à investigação de pós- doutoramento em Lisboa.
Estas constatações feitas racionalmente e a frio deixaram-me algum tanto surpreendido. Em psicoterapia regular não teria chegado a melhores resultados. Por isso, recomendei-lhe que lesse mais alguns livros que eu estava a preparar e que seriam brevemente publicados. Já que a leitura do artigo sobre a depressão, inserido na revista dedicada à psicoterapia, a tinha ajudado muito a combater o seu estado de desânimo, resolvi adaptá-lo para ser incluído neste livro como um capítulo, a fim de dar uma visão global sobre a depressão, em conjunto com um outro capítulo já existente. Pedi-lhe também que me desse algumas ideias de «paciente» bem sucedida, para que eu as pudesse transmitir a outros leitores.
Despediu-se de mim prontificando-se a deixar na minha caixa de correio a lista do que ela tinha praticado e que se transcreve a seguir:

1. Como todos temos altos e «baixos na vida», é importante valorizar os «altos» para compensar os «baixos». Para isso, é necessário descansar, ter calma suficiente e concentrar a atenção naquilo que se passa connosco. É importante pensar em tudo racionalmente e não emocionalmente.
2. Vulgarmente, isso não é possível sem estarmos relaxados. Para tanto, é importante atingir o relaxamento que, muitas vezes, tem de ser através do exercício muscular se não se conseguir fazer o outro.
3. Em quaisquer circunstâncias, independentemente de algum diário que se deseje manter, a auto-análise é importante porque além de ajudar a recordar os factos do dia-a-dia, pode fazer reviver as imagens do passado que foram recalcadas e relegadas para segundo plano.
4. Depois, convém relembrar conscientemente as coisas boas que fomos vivendo.
5. Em seguida, estamos prontos para recordar os insucessos actuais e verificar as suas causas e o modo de as termos podido evitar.
6. Comparando esta estratégia com aquelas que foram utilizadas no passado, podemos tirar proveito com a recordação dos sucessos obtidos, o que deve provocar auto-reforço em cada um.
7. Depois, é uma questão de utilizar a imaginação orientada que pode ser induzida, como um «filme», logo que se entre em relaxamento. Antes de iniciar propriamente o relaxamento, basta consciencializar e imaginar o assunto que nos interessa, iniciar depois o relaxamento e deixar que as coisas aconteçam.
8. Podem-se, assim, imaginar e projectar muitas coisas para o futuro. Somos capazes de ver e de vivenciar tudo isto numa espécie de ecrã à nossa frente. O importante é que toda esta imaginação seja mais ou menos realizável e não irrealista. Temos de ter os pés bem assentes no chão. É por isso, que a razão e o realismo têm de funcionar efectivamente.

Com estas recomendações feitas por quem conseguiu conduzir uma «psicoterapia» quase por si própria, mantendo a coerência de que fala no número 8, resta-nos felicitar quem quiser seguir este método de modo a reduzir ou prevenir o risco da entrada em depressão. A falta de profilaxia ou prevenção pode ocasionar os incómodos consequentes, causando grande mal-estar no próprio com a subsequente necessidade da inevitável e dispendiosa intervenção de um psicoterapeuta competente para que não exista qualquer outra menos recomendável.
Anúncios na comunicação social e em panfletos não faltam a propor soluções quase infalíveis e milagrosas. Mesmo assim, a sua utilização, sem qualquer garantia de eficácia e de qualidade, não se faz sem um investimento razoável. Quando as pessoas «entram em desespero» agarram-se a qualquer coisa que se apresente como tábua de salvação e, às vezes, é isso que as leva ao fundo donde têm cada vez mais dificuldades de sair, como se estivessem, inevitavelmente, a afundar-se no lodo.
Por isso, é melhor prevenir do que remediar.

Passados mais três anos, como as recomendações feitas por esta paciente me tinham agradado e o livro estava a ser actualizado para reedição, resolvi telefonar para a Faculdade e saber se ela me poderia atender. Da maneira como a telefonista me respondeu, deu-me a impressão de que a «paciente» era uma pessoa muito conhecida, conceituada e bem aceite naquele meio ambiente.
Pouco depois, atendeu-me, conversou comigo e disse que tudo corria sobre rodas mantendo o esquema inicial de muitos fins-de-semana junto da família. Tinha lido todos os livros publicados desde 1998 e pensara muito em tudo o que eu dizia. Muitas vezes punha o assunto em evidência durante o relaxamento para descobrir como poderia modificar o comportamento do filho num sentido positivo e de sucesso. Ela sentia-se muito bem e nada tinha mudado sob o ponto de vista familiar e afectivo. Não queria compromissos sérios porque dedicava todo o tempo ao filho que, na adolescência, estava a praticar o relaxamento e a tentar visualizar o seu possível futuro depois de ter conhecimento de tudo o que se passara entre os pais, com os quais lidava com muito à vontade. Era pena que o seu ex-marido, já com outro filho da mulher com quem vivia, não tivesse muito tempo para o seu primeiro filho e que, por sua vez, também este não gostasse de conviver com aquela família.

Com esta constatação muito sincera feita de viva voz pela minha «paciente», bem disposta, segura e confiante no futuro e com a informação que lhe dei de que o livro COMO «EDUCAR» Hoje!, já actualizado, seria em breve publicado com o título SUCESSO NA VIDA? Porque não?, sinto-me encorajado a publicar a nova edição deste livro com o título que agora lhe é conferido.
Verão de 2003.”

Depois destas longas informações, resta-me desejar-lha boa sorte, apoio dos seus amigos e uma boa prática do relaxamento e da imaginação orientada.
Pode enviar e-mail ou, de preferência, fazer um comentário quando quiser perguntar aquilo que achar mais necessário para o seu caso.

Como não sei quando terei oportunidade de publicar os livros agora mencionados, quaisquer outras informações poderão ser dadas unicamente a seu pedido.

Se o outros conseguiram ultrapassar as suas dificuldades e descreveram as suas «odisseias» e «sucessos», trabalhando com «perseverança» apenas durante alguns minutos por dia e «deixando que as coisas corressem» durante a noite, qual a razão de Frederica, conhecendo agora a prática dos outros, não atingir um resultado ainda melhor?

Sobre o que me disse, vou resumir aquilo que eu apreendi:

“Tem 35 anos, é enfermeira com boa reputação, tem de trabalhar «extra» para manter o seu nível de vida, vive maritalmente com alguém que não lhe dá grande apoio moral e financeiro, está com uma depressão e a ser medicada há mais de 2 anos e, de vez em quando, sente-se eufórica quando exagera nos cafés para «levantar o ânimo».
Tem tempo para ver blogs e ler livros quando está a descansar em casa. Quer qualquer conselho para se livrar da situação em que se encontra e que a consegue envelhecer cada vez mais.”

Apesar de me ter dado muitas explicações, não consegui saber o seu passado. Os seus pais, a sua infância, a sua «educação» os seus amigos daqueles tempos, a sua instrução e os êxitos e fracassos, inclusive os profissionais. A sua vida social que julgo ser de algum convívio mas não muito e sem grande participação do seu companheiro.Por isso, deve compreender que temos de ir às causas, sempre que possível, para tentar aliviar os efeitos ou eliminá-los, o que é o mais desejável.

Já que me diz ter tempo para ver blogs e ler livros que podem ser «facilitados» pelos seus amigos, vou tentar utilizar este post, bastante extenso, para lhe poder dar uma ideia daquilo que é desejável fazer, já que a maior parte da terapia e profilaxia será na hora de dormir. No início, pode ter de despender cerca de 30 minutos para aprender a relaxar; depois, até 2 ou 3 minutos serão o suficiente. A sua intervenção activa quando não estiver a dormir pode demorar entre 10 minutos e meia hora por dia. Tudo depende de si e da sua disponibilidade.

Antes de tudo e enquanto os seus amigos não lhe facultarem os livros, peço que consulte os meus posts que se relacionam com Psicoterapia, nomeadamente:

No blog Psy for All
- Modelagem e Identificação (3 SET 2007)
- Desânimo ou Depressão? (2 MAR 2008)
- Perturbações Temporárias (17 JUN 2008)
- Desorientação (6 JUL 2008)
- Ameaça de Suicídio (4 AGO 2008)

Neste blogue, veja o post LIVROS DISPONÍVEIS.

Em 2018, já existe na colecção da Biblioterapia o 18º livro «PSICOTERAPIA… através de LIVROS…» (R), destinado a orientar os interessados para a leitura e consulta adequada de livros, desde que desejem enveredar por uma psicoterapia, acções de psicopedadogia, de interacção social e de desenvolvimento pessoal, autonomamente ou com pouca ajuda de especialistas.

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Blogs relacionados:
TERAPIA ATRAVÉS DE LIVROS para a Biblioterapia

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