segunda-feira, 31 de agosto de 2009

O AUTISMO ENTRE NÓS


O blog Compincha - CãoPincha enviou-me a seguinte mensagem:

“Lembra-se que fizemos um comentário no seu post DESABAFO, de 1 de Outubro de 2008 e que depois, nós também fizemos um post, em 19 de Outubro, com o título MILAGREIROS E TRAPACEIROS, no nosso blog antigo?
Agora, se viu a reportagem especial da
SIC, na noite de 30 de Agosto, como psicólogo que se dedicou à reeducação de crianças com dificuldades, gostaríamos de saber qual a sua opinião sobre o assunto.
Com agradecimentos antecipados,
CãoPincha.”


Caros senhores CãoPincha:
Já vos tinha pedido para me deixarem descansar porque estou de férias. Mas, como esta resposta se vai basear em factos já passados e relatados há mais de 30 anos, vou transcrever aquilo que puder.

A notícia dada pelo canal 1 da RTP, na noite de 19 de Maio de 2008, de que o Sr. França, com um filho autista, tinha conseguido que técnicos estrangeiros viessem dar, em Portugal, um curso para treinar pessoas a lidar com essas crianças, fez-me relembrar o que se passara há mais de (30) anos e ocasionou o post DESABAFO, de 1 de Outubro de 2008.
Outra das razões para elaborar esse post foi verificar que nos casos descritos na literatura científica adequada, a diferença substancial entre nós e o estrangeiro se situa nos meios terapêuticos disponíveis. Um outro factor que talvez possa influenciar é a pouca informação daquilo que se faz em Portugal e, mais ainda, daquilo que é possível efectuar.

Os estrangeiros têm meios técnicos, materiais e financeiros muito mais avultados do que nós para publicarem as suas experiências,… a fim de nós as lermos com sofreguidão!

E depois, não fazemos coisa alguma a não ser «adquirir material» que fica depositado sem ninguém o utilizar ou conseguir manipular!

A ansiedade que existia nesse tempo (1977) acerca destes problemas bem como as preocupações, continuam a ser semelhantes (2009) e as possibilidades de solução já estariam a ser seguidas se houvesse um empenho mais acentuado dos pais e das entidades responsáveis.

Em Outubro de 2008, quando o ISMAT, em Portimão, me pediu para fazer uma intervenção sobre a minha prática clínica, fiz um pequeno sumário, com a ajuda do powerpoint e preparei um texto escrito, que foi distribuído por quem o desejou.
Nesse texto, com cerca de 10 folhas, está indicado que, especialmente em relação ao autismo, houve da nossa parte, pelo menos, três intervenções públicas em meios de comunicação social e que se mencionam a seguir:

PARQUE, Jul 1977: entrevista com Prof. Doutor Joe Morrow. (A aprendizagem dos «deficientes»)
PARQUE, Jul 1977: artigo (Podem os pais ajudar a educar os seus filhos autistas?)
ECOS DE BELÉM, Fev 1978: artigo (Crianças autistas têm associação em Belém)

Por uma questão de não sobrecarregar este post, apenas vou transcrever o artigo «Podem os pais ajudar a educar os seus filhos autistas?», publicado em Julho de 1977 no jornal mensal PARQUE, do Centro de Bem-Estar Social de Queluz, onde iríamos fazer um trabalho de investigação.
Essa investigação, baseada numa bem sucedida experiência piloto, iria englobar os pais na reeducação e reabilitação dos seus filhos deficientes.

Esta experiência piloto com um rapaz de 8 anos, está descrita no artigo Deficiência e Condicionamento Operante, publicada nas páginas 106 a 111, do nº 163, de ABR-JUN, de 1978, da Revista HOSPITALIDADE, da Casa De Saúde do Telhal.
Depois da acção limitada e impossível de continuar pelo psicólogo, por várias razões, a criança ingressou no ensino normal sem qualquer apoio durante um ano e, no ano seguinte, foi mandada para uma escola especial onde até conseguiu regredir. Actualmente, sentado numa varanda, só consegue executar comportamentos de auto-estimulação, sem qualquer sentido.
Na investigação pretendida, a proposta inicial do psicólogo foi:
a) envolvimento dos pais na reeducação;
b) um ano de trabalho em casa para a criança ser integrada numa escola «normal» com apoio dos psicólogo, reeducadora e pais, durante cerca de 5 anos;
c) preparação para poder estar a «trabalhar» num quiosque de jornais com apoio de outra pessoa mais responsável (provavelmente o pai, depois de aposentado).
Nada disso foi possível realizar por recusa dos pais em continuar a participar na co-reeducação.

Em resumo, esta nova experimentação e investigação de que estamos a falar, constaria da reeducação, durante um ano escolar, de 10 crianças com dificuldades várias e de frequentar uma escola «regular», utilizando como técnicos apenas com uma professora de integração a tempo inteiro, uma psicólogo em tempo parcial, duas auxiliares de acção reeducativa e duas mães. Todas essas mães não tinham qualquer emprego fora de casa e ficavam com os filhos quando eles não estavam na escola.
Todas as acções dos técnicos e auxiliares seriam filmadas e gravadas em fita magnética sonora para posterior visualização, audição, análise e crítica, propícia para a aprendizagem e verificação dos lapsos ou das acções correctas que tinham sido efectuadas. Serviriam também para futura aprendizagem.
A Fundação Gulbenkian comprometeu-se a custeá-la e até o Ministério da Educação se «dignou» apoiá-la destacando a professora de ensino integrado!

Não foi possível concretizar esta investigação porque os pais não se dispuseram a colaborar dizendo que qualquer intervenção deveria ser efectuada apenas pelos técnicos habilitados para isso.
Também não valia a pena efectuar a investigação sem a intervenção dos pais porque:
1) haveria necessidade de contratar mais duas auxiliares, o que não era possível por não haver meios financeiros para isso;
2) a substituição dos pais pelas auxiliares nos actos de reeducação, faria com que uma relação pais/filhos que se pretendia modificar em casa, não fosse possível por falta de modelagem e de treino dos pais;
3) não existiria um relacionamento saudável e reeducativo pais/filhos, que se desejava implementar, fazendo reduzir, consequentemente, a afectividade dispensada e o aumento de reforço que a criança poderia obter;
4) seria necessário adiar a investigação o tempo suficiente para treinar as auxiliares;
5) o rendimento ou o desempenho do comportamento das crianças seria muito menor, ou até nulo apesar do aumento das despesas, só por causa da recusa dos pais em comparticipar na investigação.

PODEM OS PAIS AJUDAR A
EDUCAR OS SEUS FILHOS AUTISTAS?

Pela nossa parte, não só dizemos que «podem», mas até acrescentamos que «devem», porque não existe melhor educador do que o meio ambiente familiar, quer os pais sejam iletrados, quer pouco instruídos.
A criança autista, como qualquer outra «deficiente», necessita de mais ajuda do que a «normal», para conseguir ultrapassar as dificuldades a que está submetida.
Rimland, citado por Davison e Neale, elaborou uma lista de dez condições que diz serem indispensáveis para que se possa considerar uma criança como autista. Vamos desrevâ-las sumariamente:

1.º - A manifestação do autismo é perfeitamente detectável nos três primeiros anos de vida.

2.º - A aparência da criança é boa e a saúde excelente.
3.º - Os traçados do EEG são normais.
4.º - Existe uma repulsa pelo contacto físico.
5.º - A criança apresenta necessidade de isolamento «autista».
6.º - Tem necessidade de manter tarefas ou actos rotineiros para auto-estimulação.
7.º - Existe graciosidade e agilidade na movimentação dos dedos da mão.
8.º - A ecolália e a inversão dos pronomes, são característicos.
9.º - Os pais são geralmente instruídos e com QI elevado, não tendo antecedentes familiares com distúrbios mentais.
10.º - Tem talento extraordinário numa área muito limitada e específica,
enquanto apresenta atraso em todas as outras.


Supondo que uma criança consegue reunir as dez condições atrás descritas, é certo que poderemos dizer que é autista mas de nada servirá apenas c1assificá-la, se isso não servir para utilizarmos as técnicas mais eficientes para a ajudar a desenvolver as capacidades que são passíveis disso.

Reportando-nos a experiências realizadas nos E.U. A., dois psicólogos, Laura Schreibman e Robert Koegel, que trabalham em Universidades da área de Califórnia, dizem-nos que durante os vários anos de suas experiências, conseguiram que as crianças autistas, quaisquer que fossem as suas

dificuldades, realizassem grandes progressos a ponto de continuarem a sua educação em escolas normais, desde que os pais e os professores fossem suficientemente treinados para ajudar os terapeutas profissionais.

Embora as crianças não fiquem completamente «curadas», a utilização sistemática das técnicas de modificação do comportamento, faz com que as pais possam suplementar a acção dos psicólogos e outros técnicos.
Para que se possam atingir os resultados de que nos falam, é necessário manter os seguintes cinco princípios:

a) - Definir os objectivos que a criança tem de atingir.
b) - Dar à criança instruções claras e sem possibilidade de ambiguidades.
c) - Ajudar a criança a dar a resposta correcta.
d) - Progredir lentamente em etapas sucessivas.
e) - Recompensar a criança imediatamente e de forma correcta, logo depois de se obter dela urna resposta certa.


Os psicólogos mantêm estes 5 princípios sempre que trabalham em situação clínica e terapêutica com as crianças, enquanto os pais os observam através de espelhos unidireccionais (one way screen).
Deste modo, os pais aprendem por observação (modelagem) e, colocados em situação terapêutica na própria clínica, são ajudados (facilitação social) pelos terapeutas a aperfeiçoarem a sua actuação (moldagem) que será de muita importância quando utilizada com a criança, em casa.
Além deste treino, os pais assistem a reuniões periódicas onde são esclarecidos em conjunto e onde podem pedir conselhos acerca de quaisquer dificuldades que surjam no seu contacto com os filhos.

Porém, em Inglaterra, o panorama é diferente e até há bem pouco tempo (1975) a colaboração dos pais era nula.
Os terapeutas faziam tudo, mas eram insuficientes.
Das 5.000 crianças autistas, apenas 800 tinham a sorte de frequentar escolas especiais, ficando as outras institucionalizadas na companhia das demais crianças com problemas psicóticos.
Somente há cerca de 6 anos (1968), duas psicólogas clínicas, Patricia Howlin e Rosemary Hemsley, iniciaram no Instituto de Psiquiatria, de Londres, uma experiência de envolvimento dos pais na educação dos filhos autistas e, em Manchester, outro programa de experiências está em curso (1978) com Dorothy Jefree e Roy Mc Conkey. Embora todo este processo de alterações ao nível da educação da criança autista seja longo e demorado e abranja pouquíssimas famílias, os investigadores esperam que não haja quem tenha de escrever a respeito de um filho autista, aquilo que um pai escreveu:
«Tanto quanto eu sei, Lorel, durante os seus 20 anos de internamento no Hospital, não obteve nada mais do que as três refeições diárias - além das drogas que tinham de ser experimentadas».

Em vez de gastarmos dinheiro do erário público com programas fantasiosos que figuram nas estatísticas sem um benefício real para a população, quando será que em Portugal seremos capazes de iniciar programas experimentais, sérios e com técnicos honestos e competentes?
O que nos interessa com estas linhas, é alertar os pais das crianças autistas ou com qualquer outra deficiência.

A Inglaterra, país muito mais rico do que o nosso, luta com falta de escolas especiais. Convém não esquecer que nós até lutamos com falta de escolas normais e nem nos próximos 10 anos (1978+10= 1988) conseguiremos ter escolas com as condições necessárias para todos.

Os investigadores americanos dizem: «o sucesso dos pais é impressionante porque apesar de serem amadores, tornam-se eficientes em poucas horas. Isto contradiz os anos de treino extensivo que se dá aos médicos e psicólogos, que ao longo dos anos têm vindo a tratar das crianças autistas».

A pouca experiência que temos nesta espécie de trabalho -- apoio à criança com dificuldades, quer seja «normal», quer «deficiente» -- dá-nos a impressão de que a boa participação dos pais na educação ou apoio aos filhos pode reduzir a 50% ou menos a acção ou participação do psicólogo ou de qualquer outro terapeuta. Outra vantagem que nos parece conveniente salientar, é a de que se obtêm resultados muito mais duradouros do que com a acção isolada do terapeuta. A generalização que se consegue, tanto no que respeita a pessoas (terapeuta - pais - familiares), como no que respeita ao local da terapia (consultório - casa - escola - sociedade), torna todas as acções terapêuticas duradouras, eficientes e vantajosas.

De 16 crianças autistas entre os 4 e os 7 anos de idade, 6 das quais completamente sem fala, todas com graves estereotipias e comportamentos de auto-estimulação, após 18 meses de treino de modificação do comportamento com uma professora, uma terapeuta e duas ajudantes, 10 conseguiram frequentar as escolas normais e 6 ficaram em escolas especiais para crianças autistas.
Estes resultados, obtidos com a colaboração dos pais, devem estimular os mesmos a tomar parte na educação dos filhos, quer normais quer deficientes, para que a sociedade de amanhã não ofereça ainda mais distorções e desigualdades do que a actual.

Enquanto não se conseguir esta participação activa e consciente, pouco teremos caminhado na senda do progresso.
Os dados para este artigo, foram extraídos do livro ABNORMAL PSYCHOLOGY, de Davison e Neale, 1974, e da revista PSYCHOLOGY TODAY, edição inglesa, nº 7, de Outubro de 1975.

Mário de Noronha / Zélia Elizabeth Feliciano de Noronha

(Página 9, de Julho de 1971, do PARQUE – algumas datas e sublinhados são nossos)

Depois do que ficou exposto e escrito há mais de 30 anos, será que ainda não temos em Portugal competências ou falta-nos o trabalho necessário e a vontade política de fazer qualquer coisa de válido?

Com esta resposta, espero que me deixem descansar um pouco depois de começar as provas extraordinárias e antes de recomeçar as aulas.
Mário de Noronha.


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quinta-feira, 27 de agosto de 2009

AS SONDAGENS E AS PREVISÕES

O blog Compincha - CãoPincha no seu post O TERRORISMO HERÓICO, deste mês, mostrou desejo que comentasse o facto da libertação, por razões humanitárias e de seu regresso à casa, como herói, de Al Megrahi, o terrorista líbio que ocasionou a explosão do avião de passageiros em Lockerbie, Escócia, provocando a morte de milhares de passageiros.

Posso comentar este acontecimento envolvendo Al Megrahi apenas sob o ponto de vista da sua previsibilidade em Psicologia Social.
O Governo da Escócia deixou que, por razões humanitárias, um condenado fosse passar os seus últimos dias a casa e, provavelmente, nunca teve em mente quaisquer outras motivações a não ser o humanismo.
Contudo, a decisão deste acto humanitário não partiu espontaneamente do Governo da Escócia mas baseou-se em algum pedido feito pelo interessado.

Interessa saber quem fez esse pedido e quem o apoiou? Com que intenções? Qual a razão de Khadaffi para não ter querido entregar inicialmente Al Megrahi à Justiça da Escócia? Que negociações e concessões se fizeram no momento da sua entrega? Quem as fez?
Provavelmente, esses mesmos protagonistas utilizaram agora argumentos semelhantes para conseguirem que a Justiça ou o Governo da Escócia deixassem ir Al Megrahi para casa, a fim de morrer em paz e não como os outros a quem ele provocou a morte, sem qualquer culpa dos próprios.
Se a recusa de sua entrega à Justiça da Escócia foi problemática, fazendo as atribuições necessárias, quem interveio nas negociações actuais deveria estar à espera que, neste momento, os mesmos protagonistas líbios tentassem tirar partido da situação. Esses meios de comunicação social são geralmente «controlados» pelo Estado. Por isso, era quase improvável que não utilizassem o regresso do condenado, humanitariamente libertado, como se fosse o «herói» duma vitória líbia.
Também, neste regresso a casa, como «vitória», largamente difundido pelos meios de comunicação social, com toda a probabilidade, não se deve ter feito qualquer menção às razões que levaram o Ocidente a libertá-lo, a seu pedido, para ir morrer em casa.

Verifica-se aqui que um simples acontecimento é difundido, em cada sítio com cores diferentes, sendo visto em locais diversos com cores que não são as originais.
Assim é algum mundo «democrático» tal como, provavelmente, seria o nosso há quase 60 anos! Alguém teria a possibilidade de saber, de certeza, a não ser por familiares, o que se passava na guerra das colónias? Quantos ficaram na Guiné «sem ninguém dar por isso» até há bem pouco tempo? E que notícias «estapafúrdias» foram difundidas «heroicamente» acerca da invasão de Goa pela União Indiana? Quantos militares portugueses «morreram» como foi difundido na época pelas estações de rádio e de televisão, «com cadáveres a boiar nas águas dos rios Mandovi e Zuari»? Os militares que lá estiveram que o digam. Por mim, que estava nessa ocasião em Angola, apanhei um susto de todo o tamanho e fiquei à espera, durante cerca de um mês, de notícias seguras da minha família. É assim em muitas «democracias»…

Se o Ocidente, que conhece bem a Líbia porque tem lá muitos interesses, quisesse que não houvesse especulações e aproveitamentos da parte dos líbios, deveria exigir, através dos negociadores que seguramente tomaram parte nesta questão, que cerca de duas semanas antes da «soltura», os meios de comunicação locais dessem a notícia de que dentro de duas semanas haveria a possibilidade de ser dada ao criminoso em cumprimento da sua pena, a seu pedido e apenas por razões humanitárias, a possibilidade de regressar a casa para passar os últimos dias antes de morrer devido à doença grave de que sofria. O Ocidente ficaria, então, à espera da difusão dessa notícia em tempo oportuno com controlo efectivo das acções tomadas pelos líbios, inclusive, do tipo de linguagem utilizado e notícias difundidas acerca do assunto. Deste modo, o povo líbio, através dos meios de comunicação social de sua confiança, saberia a versão do ocidente acerca da libertação do criminoso.
E os dirigentes líbios não saberiam dessa doença no momento em que entregaram Al Megrahi, depois de longos anos de espera? No momento da entrega, não teriam feito os seus cálculos sem os ocidentais se aperceberem disso?

É assim que se faz na previsão através das atribuições, tomando em conta toda a situação e as personalidades dos envolvidos.
Não é assim que se faz nas eleições? É por isso que as sondagens são importantes, inclusive por causa de possibilidade da sua manipulação em benefício próprio e, poor isso, os eleitores deverão estar de «olhos abertos», «ouvidos à escuta» e «cabeça a funcionar» com as aprendizagens já feitas..

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domingo, 9 de agosto de 2009

AS ATRIBUIÇÕES ERRADAS

Para os senhores CãoPincha, do blog Compincha - CãoPincha

Acabei de tomar nota do vosso reparo feito no post OS ELEITOS, de 3 de Agosto corrente e até gostei do primeiro comentário que lhe foi feito pelo Observador Social, o qual acabei de ler.
Quando puder e tiver disposição para isso, vou fazer algumas observações neste novo post mas, antes de tudo, tenho de vos solicitar que, além do meu post O 25 DE ABRIL AINDA EXISTE?, de 24 de Abril último que vocês já comentaram, leiam também os posts GOVERNAR «BEM» NÃO É FÁCIL, de 22 de Fevereiro e AS ATRIBUÇÕES, de 19 de Fevereiro deste ano. Vão obter aí algumas ideias que defendo também como cidadão e não só como psicólogo.

Em relação às eleições, posso dizer-vos que aquilo em que nós votamos é na imagem de marca que nos impressiona mais, e que os candidatos querem apresentar. É o efeito de primazia e de posteridade que influencia muito uma atribuição para que exista uma mudança de atitude a favor do candidato. É por isso que todos os candidatos, praticamente em qualquer parte do mundo chamado «civilizado», se socorrem de especialistas que os ajudem a mostrar uma boa imagem para que os eleitores a escolham, do mesmo modo como poderão adquirir uma roupa de marca, um brinquedo caro, um computador ou um automóvel.
O resultado da aquisição é o voto que é depositado a favor desse candidato. A partir daí, o que ele fizer no futuro passa a ter menos importância do que aquilo que na realidade nós imaginamos que ele vai fazer. Assim, até pode acontecer que a «garantia de qualidade» por ele apresentada não seja verdadeira e que o votante se «prometidas» e «não cumpridas» de muitos deles.
sinta defraudado na escolha feita. É o que acontece a maior parte das vezes, porque quase nenhum candidato consegue cumprir aquilo que prometeu e que, provavelmente, nunca pensou cumprir. Se não, passemos em revista as promessas
Quase nenhum dos antigos candidatos deve deixar de se evidenciar nesse escrutínio. 
O grande problema é nós fazermos inferências ou «atribuições» a partir do que ouvimos nas promessas, sem termos o cuidado de recordar aquilo que se passou, às vezes, com o mesmo indivíduo ou com um seu correligionário. Se fizéssemos isso, teríamos mais dados fidedignos sobre o assunto. A vossa citação do ditado «Cesteiro que faz um cesto faz mil» parece-me adequada e até diria que muitos lobos vestem a pele de cordeiro na ocasião das eleições. E nós, deixamo-nos enganar apesar de lhes podermos ver as orelhas e o rabo.

 Do mesmo modo, muitos idosos são enganados por burlões que se fazem passar por funcionários e até por beneméritos. E a Polícia, faz os possíveis por os ajudar a não se deixarem enganar mas, pouco pode fazer para «apanhar» os «malfeitores»…
No mundo financeiro, vimos que a ansiedade de obter algum lucro extra nas economias existentes pode dar mau resultado apesar de os gerentes dos estabelecimentos contactados aparentarem uma credibilidade acima de toda a suspeita. Não é por acaso que se instituíram os «off-shores».

Para não sermos iludidos, é importante a nossa atribuição e a inferência que fazemos em relação a uma determinada entidade, organização ou valor do objecto.
Se não fosse assim, como se venderiam em muito maior quantidade coisas que quase não têm valor,
mas beneficiam duma promoção e publicidade muito bem feita, do que outras de muito mais valor mas que não têm a mesma promoção? Isto acontece com roupa, electrodomésticos, bijutaria, automóveis, casas e muitas outras coisas que utilizamos no nosso dia-a-dia.

Com os candidatos a cargos políticos ou públicos também acontece o mesmo.
Nós, como «patrões», contratamo-los ingenuamente pelo aspecto que aparentam e pelas promessas que fazem, sem ver o seu verdadeiro currículo e se os diplomas apresentados são verdadeiros ou forjados. A ideia de conhecermos os candidatos nos seus hábitos e costumes, seu passado, família, vizinhança, amizades, filiações, património, etc. é muito útil para conseguirmos fazer uma atribuição correcta. Os meios de comunicação social poderiam de facto dar uma grande ajuda nesse aspecto visto que conseguem fazer uma investigação exaustiva e séria sobre o assunto, porque os candidatos sérios a merecem, embora também estes
necessitem de apresentar uma boa imagem.

Hoje em dia, basta reparar que os «detractores da gravata» e do «bom aspecto fascista» logo depois do «25 de Abril», são os primeiros a apresentarem-se devidamente «paramentados», às vezes, até a rivalizar com aqueles que nunca desprezaram a gravata por uma questão de hábito. São tempos e costumes de que vale a pena tomar nota ao fazer a escolha de quem nos vai governar pelo menos durante 4 anos.
Depois de eles estarem no poder os nossos arrependimentos serão tardios.

Por este motivo, também concordo com a vossa ideia de que deve existir no boletim de voto um quadradinho em que o eleitor possa colocar uma cruzinha para dizer que não concorda com qualquer dos candidatos propostos. Talvez assim até fosse possível
aumentar o número de votantes conscientes e desejosos de intensificar o sistema democrático reduzindo o número dos abstencionistas, porque as desilusões dos votantes sérios com a governação actual é tão grande que não dá vontade de ir votar para sofrer mais um engano. Daí o comportamento de não participar em mais uma farsa montada pelos «lobbies» existentes. Como foram eles que «investiram» grande parte do dinheiro das «campanhas», que são também à custa do povo, querem tirar o benefídio do seu investimento a todo o custo. Assim, o povo todo é que não tira. Talvez uma parte muito reduzida como acontecia nos tempos antigos.

Também no mundo empresarial, qualquer candidato a emprego se preocupa em apresentar o currículo com um bom aspecto e esmera-se no momento de se submeter a uma entrevista. O entrevistador é que tem de separar o trigo do joio e descobrir a
«verdade». É o que tem de fazer todo o votante. Não é isso que deve fazer também uma pessoa que sente a barriga inchada e a deseja desinchar? Acreditar que o iogurte «actívia» irá resolver o problema em poucos dias, pode provocar uma desilusão semelhante à de votar no candidato errado. A imagem que o anúncio quer provocar é a de um alimento que «resolve rapidamente a dificuldade do estômago». Quase sempre é uma «inverdade» que ajuda a vender mais iogurtes desse tipo mas não resolve, quase nunca, o problema tal como é anunciado.
Nas eleições podemos prenunciar quase o mesmo.

Também, se as nossas atribuições forem mal feitas, podemos ir tomar uma refeição num determinado restaurante só porque tem boa aparência, para depois ficarmos arrependidos com a escolha. Depois de «enfiar o barrete» não há nada a fazer a não
ser tentar não cair no mesmo logro. O mesmo pode não acontecer nas eleições porque os eleitos conseguem estar lá muito tempo, embora andem «às contas» com a Justiça. Enquanto não forem condenados e estejam a cumprir a pena, podem continuar a fazer, com ou sem ajuda de muitos comparsas, qualquer «trafulhice» que os tenha tornado suspeitos.

Qual a razão de não nos precavermos contra as más práticas de que muitos se tornaramactores principais?
Não conseguimos avaliar até ao momento as acções de governos dos diversos partidos? Não conseguimos avaliar a actuação nas nossas autarquias?
Não conhecemos os seus protagonistas pelo que fizeram, deixaram de fazer, prometeram, não cumpriram, enganaram, roubaram, ou melhor dizendo, desviaram, satisfizeram--
nos, ficaram aquém da expectativa, desiludiram, fugiram para não cumprir o prometido, pensando apenas em si próprios ou nas suas carreiras?
O que se passa de francamente desagradável, manipulador ou a exigir conformismo no interior dos diversos partidos para que até os militantes venham publicamente denunciar comportamentos de prepotência, favoritismo, rivalidades anti-democráticas, etc.?
Exemplos não faltam com tantas novidades que são despoletadas quase todos os dias nos meios de comunicação social. É verdade que pode haver muita especulação e vedetismo mas também não existe fumo sem fogo e o comportamento dos que se dizem inocentes, coerentes, democratas, pluralistas, competentes, etc. deixa muito a desejar, especialmente no que toca a explicar devidamente e sem sombra de dúvidas aquilo que se passou.

Portanto, o que em Psicologia Social se pode tentar alertar é que as pessoas devem ter muito cuidado ao fazer as atribuições necessárias para poderem eleger quem acham mais adequado, tentando coligir e utilizar , para isso, todos os dados disponíveis dos registos passados e presentes e sem ligar muita importância aos meios de comunicação social que irão influenciar o eleitorado em favor do seu «eleito».
É por isso que, para qualquer candidato a «imagem» é muito importante.
É o mesmo que se deve fazer na aquisição de qualquer coisa valiosa, de longa duração e que não tenha uma boa garantia de substituição de peças ou de manutenção.
Suponho que, com este arrazoado, respondi minimamente à observação feita concordando, em grande parte, com a vossa ideia.
Boas eleições.

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